“A saudade é prego parafuso/ quanto mais aperta/ tanto mais difícil arrancar”

Boa Zeca, muito boa essa caro poeta.
Sábio também o grande inventor da palavra 'saudade', que mesmo sem nenhuma explicação técnica ou comprovações biologicamente testadas persiste em qualquer mísero coração, com milhões de formas pra se sentir.
A saudade que é “de doer”, das pessoas que se foram e não voltam mais. Das coisas que nos arrempendemos de fazer, e não fazer.
A saudade gostosa de se lembrar sempre, dos brinquedos da infância, dos amigos da escola, das longas viagens, do primeiro dia de aula, do primeiro beijo.
A saudade que só vale pra se lembrar, dos empregos que tivemos, das pessoas que voaram pelo mundo, das risadas até doer a barriga.
A saudade de quem está longe, de quem se faz “estar longe”.
Como uma palavra sem tradução pode nos fazer sentir leve e triste ao mesmo tempo?
Talvez as outras línguas não tenham essa palavra em seu vocabulário para não lembrar mais dela.
Mas se alguém descobrir como esquecer do passado, diga-me como.
Ou nem me conte, pois prefiro viver com as lembranças das coisas que deram e não deram certo.
Das tentativas fracassadas, das pessoas que iluminaram meus dias, do que deixei pendente, do que lutei até o final.
E cada caminho que tomei, não apagaria do meu mapa.
Eu não viverei o passado, escrevo essa parte da história com ainda mais amor, pra no futuro, ter a saudade e a certeza de que esse passeio dá pra ser mais movimentado do que já é, e parada eu não vou ficar.