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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Lagrimas de Diamantes

Era uma quarta-feira, minha sentou na beira da minha cama, como de costume, e começou a conversar.

Ela chegava da sua última visita que fizera ao meu pai no hospital, junto com a mãe dele.

As notícias já não eram boas há algum tempo, e o que ela contara já não era novidade. Nada havia mudado desde o Domingo anterior que fui visitá-lo no dia dos pais. Já não era sua vida, e sim a dos aparelhos.

Como minha avó não é muito boa com as palavras, muito menos com carinhos, ela já tentou me preparar para o que viria.

Às quatro da madrugada recebi a ligação da cunhada do meu pai, me dando a notícia de que ele havia partido.

Ao toque do telefone eu já sabia do que se tratava.

Fui ao quarto da minha , e falei “Papai finalmente descansou vovó”.

Minha irmã é nossa vizinha, atendeu a porta já sabendo o porque da visita.

Enquanto as duas choravam na sala sem trocar uma palavra ou olhar, eu estava sentada, muda, sem esboçar nada, apenas sentia meu corpo tremer pelo lado de dentro, como uma descarga de energia.

Só fui chorar em seu enterro, às quatro e meia da tarde.

Entre lágrimas de tristeza e alívio, era como se minhas pernas não existissem, elas estavam dormentes, e se não fosse o Kauê para me apoiar, teria sentado no chão.

Mas hoje li um texto bem interessante do livro que estou lendo que falava que a pessoa não morre dentro de você.


Lembro que 2 anos antes, quando soube do avc do meu pai, chorei com desespero quando o vi em uma maca, minha avó calou minha boca com sua mão e brigou para que ele não me visse assim.

Durante 2 anos, o meu choro era de angustia, de ver alguém tão ativo preso à uma cama pro resto da vida.

Naquele Domingo do dia dos pais eu chorei, chorei abraçada ao Kauê tendo a total certeza de que aquela era minha última visita.

Depois de sua morte, senti como se as minhas lágrimas não existissem mais, a fonte secou.

Eu sou uma chorona, fato. Mas não aquele choro com dor.

Tenho medo de não conseguir chorar aquele choro de desabafo, medo de reprimir minhas lágrimas por não vivenciar os fatos comigo mesma, no meu interior, de fugir deles.


Eu digo que meu pai era tão bom que partiu aos poucos, foi desligando fio a fio até desligar a chave geral, nos acostumou com sua ausência nas coisas mais simples da rotina.

Só que, por mais que ele seja meu pai, não fazia parte do meu dia-a-dia, pois eu não permitia.

A gente descobre o quanto perdeu quando cai de cara, aí já é tarde demais.


Em um Domingo lidei com a perda de uma forma diferente, estou começando a não gostar de Domingos.


Meu primo Neco faz parte do meu dia-a-dia, há exatos 18 anos.

Ele foi durão para que eu não o tirasse da minha vida!

Ainda lembro quando o peguei no colo pela primeira vez, ele era um bebe feio, e isso até sua mãe falava.

Era tão pequeno e magrinho, que achavam que eu (que sou bem estabanada) poderia quebra-lo.

Ele me ensinou a voltar a ser criança, alias, a ter uma infância que nunca tive, que desde cedo, nunca me permiti ter.

Aprendi a rir das idiotices mais bobas que ele fazia, e cansei de ouvir suas histórias longas e sem fim, com todos os detalhes possíveis.


A minha opinião é que as pessoas se acostumam a conviver com as outras, e sem elas também.

Mas a saudade e as lembranças ninguém consegue “desacostumar”.

É egoísmo chorarmos no momento que a pessoa parte para seguir um sonho, para realizar uma meta.


“Ninguém passa na vida de alguém pra nada.”


Essa frase deixa de ser clichê quando se entende o verdadeiro sentido dela.


Como uma boa otismita que sou, quero chorar de alegria, lágrimas de felicidade, ou de diamantes.








quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Eu sou mais ser uma andorinha!

Um parábola simples, quase ingênua, mas que tocou as entranhas dos meus medos:



— Certa vez houve uma inundação numa imensa floresta. O choro das nuvens que deveriam promover a vida dessa vez anunciou a morte. Os grandes animais bateram em retirada fugindo do afogamento, deixando até os filhos para trás. Devastavam tudo o que estava à frente. Os animais menores seguiam seus rastros. De repente uma pequena andorinha, toda ensopada, apareceu na contramão procurando a quem salvar. ”As hienas viram a atitude da andorinha e ficaram admiradíssimas. Disseram: ’Você é louca! O que poderá fazer com um corpo tão frágil?’. Os abutres bradaram: ’Utópica! Veja se enxerga a sua pequenez!’. Por onde a frágil andorinha passava, era ridicularizada. Mas, atenta, procurava alguém que pudesse resgatar. Suas asas batiam fatigadas, quando viu um filhote de beija-flor debatendo-se na água, quase se entregando. Apesar de nunca ter aprendido a mergulhar, ela se atirou na água e com muito esforço pegou o diminuto pássaro pela asa esquerda. E bateu em retirada, carregando o filhote no bico. ”Ao retornar, encontrou outras hienas, que não tardaram a declarar: ’Maluca! Está querendo ser heroína!’. Mas não parou; muito fatigada, só descansou após deixar o pequeno beija-flor em local seguro. Horas depois, encontrou as hienas embaixo de uma sombra. Fitando-as nos olhos, deu a sua resposta: ’Só me sinto digna das minhas asas se eu as utilizar para fazer os outros voarem’.” No momento seguinte, após uma inspiração profunda e penetrante, o vendedor de sonhos disse a mim e a meus amigos: — Há muitas hienas e abutres na sociedade. Não esperem muito dos grandes animais. Esperem deles, sim, incompreensões, rejeições, calúnias e necessidade doentia de poder. Não os chamo para serem grandes heróis, para terem seus feitos descritos nos anais da história, mas para serem pequenas andorinhas que sobrevoam anonimamente a sociedade amando desconhecidos e fazendo por eles o que está ao seu alcance. Sejam dignos das suas asas. É na insignificância que se conquistam os grandes significados, é na pequenez que se realizam os grandes atos.


Texto extraído do livro: Vendedor de Sonhos, de Augusto Cury